9ª Mostra Fotográfica – FG 12

 

As Mostras Audiovisual e Fotográfica do Seminário Internacional Fazendo Gênero estão voltadas para a divulgação de produções audiovisuais e fotográficas orientadas pelas problemáticas relativas a gênero. As Mostras integram a programação do evento que abre sua 12ª edição com a temática “Lugares de Fala: Direitos, Diversidades e Afetos”.

A continuidade aliada à qualidade das Mostras Fazendo Gênero ao longo dos anos se tornaram uma referência para a disseminação do conhecimento, tanto em nível nacional como internacional, e para a reflexão sobre os meios visuais e circulação de produções que, além de consistirem em resultados de pesquisas, são meios fundamentais de intervenção social. Ao somar-se aos outros festivais que nasceram nos últimos anos, as mostras se configuram também como um importante espaço de luta, pela afirmação da diversidade no campo da fotografia e do audiovisual, que ao longo da história foi – e ainda é – objeto de hegemonia por grupos políticos dominantes.

Nesse viés, buscam incentivar as produções audiovisual e fotográficas baseadas em temáticas relativas ao campo dos Estudos de Gênero, proporcionando um crescimento na qualidade dessas produções e também divulgando os trabalhos realizados em suportes fílmico e fotográfico a um público de especialistas em tais temáticas que poderá disseminar os trabalhos mais amplamente.

A Mostra de Fotografias do Fazendo Gênero completou 20 anos em 2020. Para comemorar duas décadas dessa trajetória, será realizada uma mostra paralela de fotografias –  NAVI – 20 anos da Mostra Fotográfica Fazendo Gênero – que reunirá trabalhos de integrantes do núcleo realizados nos últimos anos com temáticas relativas a gênero.

A cada edição da Mostra Audiovisual é realizada uma homenagem a cineastas de grande relevância para a disseminação do conhecimento na área de gênero e feminismo, a partir do cruzamento com diferentes campos disciplinares e possibilitando a leitura de públicos diversificados.

Lucia Murat será a grande homenageada em 2021. A cineasta, ao longo de sua carreira de quase quatro décadas, tem abordado questões que discutem as lutas de mulheres em suas obras, nos contextos mais variados. Nesse sentido, a atuação de mulheres na militância política em defesa da democracia no país assume papel importante em algumas criações de Murat. É o que podemos conferir nos filmes que serão apresentados no decorrer da programação da Mostra Audiovisual. Que bom te ver viva (1989) apresenta as memórias de uma mulher presa e torturada durante a ditadura militar no Brasil. A trama é entrecortada por depoimentos com histórias reais de oito mulheres que passaram por essa situação no período.  Temática que é retomada em A memória que me contam (2012), em que a morte de uma personagem reúne antigas/os amigas/os, ex-militantes que entraram em combate com o regime institucionalizado após o golpe de 1964. Por fim, o filme Em três atos (2015) intercala ficção e não ficção ao criar uma narrativa sobre o corpo, contrapondo juventude e velhice, através da dança. Trata-se da proposta de um ensaio poético com a reprodução de textos de Simone de Beauvoir.

Em face às limitações impostas pela pandemia do COVID-19, este ano houve o desafio de organizarmos uma mostra totalmente virtual, dada a impossibilidade de podermos contar com os espaços expositivos presenciais, o que também significa o encontro entre o público e as/os autores dos trabalhos durante a exibição. Entretanto, além de contarmos com novas ferramentas virtuais que nos permitiram a construção de mostras online de altíssima qualidade e a possibilidade de ampliarmos a audiência, abrangendo um público diversificado através do acesso aberto, a programação das mostras inclui depoimentos de cineastas que integram a Mostra Audiovisual e ainda uma série de debates online com especialistas em Antropologia Visual e Cinema, de diferentes países. Ainda que ocorram em um ambiente virtual, os debates consistem na possibilidade de trocas significativas, a partir da diversidade de olhares sobre as produções audiovisual e fotográfica e da reafirmação da importância do campo da visualidade no mundo contemporâneo.

Além da exibição dos filmes em homenagem à Lucia Murat, fazem parte das mostras competitivas, 29 filmes e 25 ensaios fotográficos que serão avaliados por um júri especializado e pela audiência. Também contamos com sessões de audiovisuais premiados no XI Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife – Quentura, de Mari Corrêa (Brasil, 2018) e Viagem aos Makonde, de Catarina Alves Costa (Portugal/Moçambique, 2019) – e de obras do antropólogo documentarista Mattijs Van de Port – Knots and Holes: an essay film on the life of nets (Países Baixos, 2018) e The Body Won’t Close (Países Baixos, 2020).  A programação ainda inclui a apresentação de mostras paralelas – fílmica e fotográfica – de produções realizadas por pesquisadoras/es do NAVI e sessões de debates com especialistas em Antropologia Visual e Cinema, que também ocorrerão em meio virtual.

Carmen Rial, Carla Rocha, Natalia Perez, Caroline de Almeida e Cristhian Caje.

 

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